O ACONTECIMENTO EDUCATIVO: UMA BREVE LEITURA FILOSÓFICA E PSICANALÍTICA

Autores

  • Sandro Henrique Ribeiro Universidade Federal de Goiás (PPGS/UFG)

DOI:

https://doi.org/10.14571/cets.v6.n1.267-272

Resumo

Educação e Psicanálise são campos de saberes que apresentam significativas incompatibilidades epistemológicas, mas isto não significa que seja impossível estabelecer um diálogo entre essas áreas aparentemente incongruentes. O modelo psicanalítico, por se fundamentar em uma abertura e privilegiar a inconsciência, distancia-se do modelo educacional que tem suas bases constituídas em normatizações racionalistas, uma significativa herança dos modelos platônico e cartesiano. É justamente com a possibilidade de outro olhar que podemos, efetivamente, avaliar nossa história de maneira viva e dinâmica, sem a regência de um cogito que predetermine o que se deva ver e pensar, o fenômeno educativo se dá como puro acontecimento, sem ser destituído de seu poder de fala e enunciação. O modelo psicanalítico propõe não uma reforma do entendimento, mas uma abertura que viabilize a relação entre razão e percepção, sendo possível atenuar a acentuada dicotomia que é constitutiva do antropos ocidental. Nesta possibilidade filosófica de reflexões acerca dos fenômenos educacionais, torna-se possível acompanhar a insurgência do pensamento, bem como sua força de acontecimento que, em muitas circunstâncias, se veem evidenciados na sintomática dos sentimentos e atos. A abordagem filosófica traz consigo um sólido legado, no que se refere aos aportes teóricos que possibilitaram as construções do modelo psicanalítico e, dentre estas, podem ser citadas as elaborações de Schopenhauer, que afirma o poder do desejo, antes pelo afeto que pela razão. Desta forma, o fenômeno educativo é puro acontecimento e não se restringe às elaborações mecanicistas e aos moldes positivos de racionalização.

Publicado

2014-09-29