Ser professor fora da escola: Existe motivação para as aulas de esporte?
DOI:
https://doi.org/10.14571/brajets.v18.n3.667-677Palavras-chave:
Ensino, Autodeterminação, Relações interpessoais, EntrevistaResumo
A motivação é um constructo psicológico que tem sido pouco investigado no ambiente profissional, principalmente em relação àqueles que exercem sua função em ambientes esportivos públicos. Diante disso, o objetivo deste artigo é compreender a motivação de profissionais de Educação Física que atuam nos centros esportivos de Maringá, no Paraná. Para isso, foi utilizada uma entrevista não estruturada, tendo como recurso inovador fotografias relacionadas à sua atuação. Para estruturar a matriz analítica e a eficácia da utilização das imagens, realizou-se uma entrevista piloto com uma ex-profissional de Educação Física deste contexto e a partir disso, elaborou-se uma matriz analítica que orientou as análises das entrevistas com a amostra do estudo. A amostra foi composta por seis profissionais que atuam nesses espaços entre 12 e 30 anos, selecionados a partir de um estudo anterior com 55 docentes, considerando aqueles com maior e menor nível de motivação intrínseca, bem como diferentes ciclos da trajetória profissional. Constatou-se que a motivação intrínseca dos investigados se mostrou elevada, sendo o gosto e o prazer pelo que fazem potencializadores desta condição. Por outro lado, alguns aspectos relacionados ao ambiente de trabalho mostraram-se fragilizadores, tais como a falta de materiais, falta de suporte profissional e exigências demasiadas das chefias. Conclui-se que, os profissionais de Educação Física dos centros esportivos são predominantemente motivados ao longo da carreira pelo trabalho que realizam e pelo que contribuem no desenvolvimento de seus alunos, contudo, alguns aspectos do ambiente de trabalho podem interferir nesse nível de motivação intrínseca ao longo dos anos.
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