Os entraves teórico-práticos da interdisciplinaridade e as possibilidades de implementação de materiais autorais digitais educacionais nas escolas
DOI:
https://doi.org/10.14571/brajets.v18.n2.390-408Palavras-chave:
Interdisciplinaridade histórico-ontológica, Conhecimento científico-dialético, Material digital de aprendizagem, Estratégias de ensinoResumo
Os entraves teórico-práticos da interdisciplinaridade têm suscitado preocupações docentes em face dos desafios a serem enfrentados durante a formação discente, principalmente, por se tratar de uma prática social libertadora incompatível com os procedimentos consuetudinários de ensino. Diante deste contexto, esta pesquisa realizou uma análise investigativa de Materiais Autorais Digitais Educacionais (MADEs) para averiguar de que modo esses instrumentos educativos, estruturados por estudantes de Licenciatura e Bacharelado, da disciplina de Tecnodocência de uma universidade pública de Fortaleza-CE, podem mitigar os problemas conceituais e operacionais da interdisciplinaridade no contexto escolar. O delineamento metodológico deste trabalho aportou-se de um aprofundamento bibliográfico temático, com abordagem qualitativa, natureza aplicável e objetivos exploratórios para melhor compreensão das dificuldades da interdisciplinarização educacional. A coleta de dados entabulou-se na observação sistemática do MADE Cultura do Nordeste e os procedimentos analíticos efetivaram-se em duas etapas: uma descritiva e outra interpretativa, fundamentando-se em parâmetros referenciais acerca do ensino interdisciplinar. Destarte, constatou-se que este MADE se apresentou como um potencial dispositivo estratégico para a concretização de uma nova interdisciplinaridade: a interdisciplinaridade histórico-ontológica. A propalação do conhecimento por meio desta perspectiva é um caminho profícuo para o processo de ensino-aprendizagem. Essa inferência se deve à contribuição significativa deste jogo digital no que concerne à incorporação de aspectos socioculturais, socioeconômicos, sociopolíticos e tecnológicos ao conhecimento científico-dialético por intermédio da historicidade, ludicidade, criatividade, criticidade e autorreflexão existencial das mazelas estruturais enfrentadas pelos educandos e educadores. A proposta de uma interdisciplinaridade referendada nas vicissitudes dos sujeitos educativos, com intencionalidades antialienantes de vida e de emancipação conjuntural agregadas aos MADEs, é incipiente e necessita de aprofundamentos acadêmicos. Apesar disso, este trabalho é uma proposta tecno-metodológica viável e exequível que oportuniza mudanças interdisciplinares relevantes nas escolas hodiernas.
Referências
Abreu, F. G. S., Azevedo, P. C. V., Lima, L., Vasconcelos, F. H. L., & Marçal, E. (2023). Explorando a interdisciplinaridade no desenvolvimento de materiais autorais digitais educacionais. Contribuciones a Las Ciencias Sociales, 16(10), 19723-19741. http://dx.doi.org/10.55905/revconv.16n.10-064. DOI: https://doi.org/10.55905/revconv.16n.10-064
Aquino, A. A., Germano, T. C., & Lima, L. (2023). Análise de material autoral digital educacional com base na interdisciplinaridade e na aprendizagem baseada em problemas. Tear: Revista de Educação, Ciência e Tecnologia, 12(2). https://doi.org/10.35819/tear.v12.n2.a6786. DOI: https://doi.org/10.35819/tear.v12.n2.a6786
Azevedo, M. A. R., & Andrade, M. F. R. (2011). O papel da interdisciplinaridade e a formação do professor: aspectos histórico-filosóficos. Educação Unisinos, 15 (3), 206-213. https://doi.org/10.4013/edu.2011.153.299 DOI: https://doi.org/10.4013/edu.2011.153.05
Battaiola, A. L. (2000). Jogos por computador - histórico, relevância tecnológica e mercadológica, tendências e técnicas de implementação. Anais do XIX Jornada de Atualização em Informática. 83-122.
Bombassaro, L. C. (2014). A dimensão ética da interdisciplinaridade. Roteiro, 39, Edição Especial, 39-47. https://portalperiodicos.unoesc.edu.br/roteiro/article/view/6352.
Costa, C. A. (2013). Dialética e interdisciplinaridade: contribuições ao debate ambiental crítico. Revista Brasileira de Educação Ambiental (RevBEA), 7(2), 77-82. https://doi.org/10.34024/revbea.2012.v7.1781. DOI: https://doi.org/10.34024/revbea.2012.v7.1781
Costa, C. A. S., & Loureiro, C. F. B. (2013). Educação ambiental crítica e interdisciplinaridade: a contribuição da dialética materialista na determinação conceitual. Revista Terceiro Incluído, 3(1). https://doi.org/10.5216/teri.v3i1.27316. DOI: https://doi.org/10.5216/teri.v3i1.27316
Fazenda, I. (2008). Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. Campinas-SP: Papirus.
Fourez, G. (1995). A construção das ciências: introdução à filosofia e à ética das ciências. São Paulo: UNESP.
Fourez, G., Mathy, P., & Englebert-lecomte, V. (1993). Un modèle pour un travail interdisciplinaire. Aster: Recherches en Didactique des Sciences Expérimentales, 17(1), 119-142. https://www.persee.fr/doc/aster_0297-9373_1993_num_17_1_1328. DOI: https://doi.org/10.4267/2042/8589
Freire, P. (1993). Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra.
González, F. E. (2020). Reflexões sobre alguns conceitos da pesquisa qualitativa. Revista Pesquisa Qualitativa. 8 (17), 155-183. http://dx.doi.org/10.33361/RPQ.2020.v.8.n.17.322. DOI: https://doi.org/10.33361/RPQ.2020.v.8.n.17.322
Gusdorf, G. (1976). Prefácio In: Japiassu H. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago Editora.
Infante-Malachias, M. E., & Araya-Crisóstomo, S. (2023). Interdisciplinariedad como desafio para educar en la contemporaneidad. Educar em Revista, 39, 1-16. https://doi.org/10.1590/1984-0411.88371. DOI: https://doi.org/10.1590/1984-0411.88371
Japiassu, H. (1976). Interdisciplinaridade e Patologia do Saber. Rio de Janeiro: Imago.
Lima, L., Rocha, M. A. C., & Loureiro, R. C. (2023). Tecnologias digitais e interdisciplinaridade no ensino de fisiologia humana. Revista Contexto & Educação, 38(120). https://doi.org/10.21527/2179-1309.2023.120.10743. DOI: https://doi.org/10.21527/2179-1309.2023.120.10743
Lima, L., Silva, D. G., & Loureiro, R. C. (2023). Interdisciplinaridade na formação de licenciandos em contexto pandêmico e pós-pandêmico. Revista de Educação a distância, 10, 1-22. http://doi.org/10.53628/emrede.v10i.946. DOI: https://doi.org/10.53628/emrede.v10i.946
Lima, L., & Loureiro, R. C. (2016). Integração entre Docência e Tecnologia Digital: o desenvolvimento de Materiais Autorais Digitais Educacionais em contexto interdisciplinar. Colóquio Internacional Educação e Contemporaneidade, 13(14), e13191418-e13191418. https://tecedu.pro.br/wp-content/uploads/2016/09/Art11-ano8-vol17-dez2016.pdf.
Marques, D. P., Lima, L. S., Lima, L., Santana, J. R., & Coutinho, E. F. (2024). Tecnologias digitais e a interdisciplinaridade na criação de materiais autorais digitais educacionais. Cuadernos de Educación y Desarrollo, 16(1). https://doi.org/10.55905/cuadv16n1-010. DOI: https://doi.org/10.55905/cuadv16n1-010
Martins, G. A., & Brando, F. R. (2024). Os Indicadores de Interdisciplinaridade como ferramenta metodológica para construção e análise de atividades didáticas interdisciplinares. Revista Iluminart, 23. http://revistailuminart.ti.srt.ifsp.edu.br/index.php/iluminart/article/view/464.
Morin, E. (2005). Ciência com consciência. 8. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
Pádua, M. A., Triani, F. S., Cavalcanti, E. C. T., & Novikoff, C. (2018). A dimensão ontológica: um caminho possível para a concretização da interdisciplinaridade. Educação e Pesquisa, 44, e166665, 1- 19. https://doi.org/10.1590/S1678-4634201709166665. DOI: https://doi.org/10.1590/s1678-4634201709166665
Prensky, M. (2012). Aprendizagem baseada em jogos digitais. Tradução de Eric Yamagute. São Paulo: Senac São Paulo.
Rodrigues, L. P. (2017). A impossibilidade da interdisciplinaridade: apontamentos para alternativas socioconstrutivistas. Ciências Sociais Unisinos, 53 (2), 300-308. https://doi.org/10.4013/csu.2017.53.2.14. DOI: https://doi.org/10.4013/csu.2017.53.2.14
Salen, K., & Zimmerman, E. (2018). Regras do jogo: fundamentos do design de jogos. Volume 1: principais conceitos. Tradução Edson Furmankiewicz. São Paulo: Blucher.
Santana, M. C. B., & Farias, M. B. (2023). Interdisciplinaridade e escola: novos desafios. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, 9(9). https://doi.org/10.51891/rease.v9i9.11398. DOI: https://doi.org/10.51891/rease.v9i9.11398
Santana, M. Q. S., Vieira, U. F., & Santos, M. P. M. (2023). A interdisciplinaridade como estratégia para favorecer as múltiplas aprendizagens. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, 9 (9), p. 833-845. https://doi.org/10.51891/rease.v9i9.11287. DOI: https://doi.org/10.51891/rease.v9i9.11287
Santos, E. O. (2002). O currículo e o digital: educação presencial e a distância. [Dissertação de Mestrado, Universidade Federal da Bahia, Bahia]. https://repositorio.ufba.br/handle/ri/11775.
Severino, A. J. (2013). Metodologia do trabalho científico. 1. ed. São Paulo: Cortez.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Sandra Ribeiro, Ana Paula, Luciana de Lima, Maria Goretti, Carlos Alberto

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License. A revista segue a política para Periódicos de Acesso Livre, oferecendo acesso livre, imediato e gratuito ao seu conteúdo, seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico ao público proporciona mais democratização internacional do conhecimento. Por isso, não se aplica taxas, sejam elas para submissão, avaliação, publicação, visualização ou downloads dos artigos. Além disso, a revista segue a licença Creative Common (CC BY) permitindo qualquer divulgação do artigo, desde que sejam referenciados o artigo original. Neste sentido, os autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos: A) Os autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License (CC BY), permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista. B) Autores têm autorização para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional e não institucional, bem como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista. C) Autores sãoo estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: repositórios online ou na sua página pessoal), bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
