Evolução e Reinvenção da Criação Literária na Era Digital
DOI:
https://doi.org/10.14571/brajets.v18.nse1.62-73Palavras-chave:
Literatura digital, Hipertexto, Texto digital, Leitura no ecrãResumo
Vários séculos após a invenção da imprensa, a escrita vive, há mais de duas décadas, uma nova revolução: a da internet. Alguns se oporiam imediatamente à comparação, argumentando que um livro só tem valor como objeto manufaturado, em formato in-folio, como se costuma dizer. Outros defendem que a internet e a imprensa têm em comum seu imenso potencial de difusão, permitindo a ambas alcançar um público consideravelmente maior, graças a uma acessibilidade muito maior do livro. No entanto, a revolução digital não se limita à simples informatização. Ela transforma também nossa relação com a escrita, tornando o uso do digital quase indispensável hoje em dia. Há pelo menos uma década, autores e artistas de vanguarda criam romances animados, poemas visuais, obras interativas, criações coletivas, textos multimídia e hipertexto. Assim, novas formas de texto surgiram graças às novas tecnologias. Os textos não são mais fixos no tempo e no espaço. Já é possível enriquecer constantemente um texto com hiperlinks, animações Flash, áreas interativas, imagens, vídeos e sons. A escrita na web, que atualmente ganha grande impulso, ainda é pouco estudada sob uma perspectiva verdadeiramente literária. Este artigo propõe questionar as mutações ligadas a essas novas práticas, do ponto de vista da relação com a literatura e dos processos de criação literária, observando não apenas o lugar e os desafios do digital nas práticas criativas, mas também as novas relações que se estabelecem entre escritores e leitores e, finalmente, as relações dos próprios escritores com o digital. Além disso, o uso da informática nos estudos literários ainda está longe de ser reconhecido, com a consequência de ser difícil não lamentar a esse respeito, em meio à abundância de publicações críticas tradicionais, a raridade, por não dizer a escassez, de reflexões teóricas e práticas. A fim de estudar os prós e contras dessas novas formas de criação literária em comparação com os séculos passados, tentaremos responder a algumas perguntas levantadas pela relação entre literatura e digital. A primeira pergunta deve se concentrar na desmaterialização do texto e em seu caráter agora virtual. Pode haver literatura escrita sem um suporte material fixo, sem livro, sem páginas e sem papel? Como situar na longa história do livro, da leitura e das relações com a escrita, a revolução anunciada, na verdade já iniciada, que passa do livro (ou objeto escrito) como o conhecemos, com seus cadernos, folhas, páginas, para o texto eletrônico e a leitura na tela? O que é o texto na literatura digital? E o leitor digital? Qual é o seu lugar? Em que ele difere do leitor de obras literárias consideradas agora "tradicionais" ou "clássicas"? Para responder a esses questionamentos, escolhemos "Ecran Total" de Alain Salvatore. Uma obra de literatura digital, ou seja, cuja especificidade reside nas potencialidades da informática e da rede. Uma literatura da rede que não tem lugar no papel.
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