O CORPO E O CONTROLE DA NATUREZA NA CONTEMPORâNEIDADE: POSSÍVEIS IMPLICAÇÕES PARA A FORMAÇÃO DOCENTE EM EDUCAÇÃO FÍSICA
DOI:
https://doi.org/10.14571/brajets.v12.n1.35-42Resumo
O corpo se torna objeto de intenso estudo e investigações com a aurora da modernidade. Todavia, antes não era objeto de indiferença. Mesmo com a negação dos prazeres corporais que a idade média empreendeu, o corpo era objeto de atenção e normatização, sendo compreendido em uma dupla significação, o sagrado e o profano. A relação corpo e natureza ganha contornos diferentes com o nascer da ciência moderna, ensejando novas dualidades, entre a matéria e o espÃrito ou a psique. Tais dualidades produziram nas práticas corporais e nas concepções de corpo significados duradouros e persistentes. A Educação FÃsica como área de conhecimento e intervenção que tem na cultura corporal seu objeto privilegiado, herda e ressignifica tais concepções, reproduzindo ou rompendo com práticas e entendimentos dualistas da relação corpo e natureza. Este ensaio busca discutir as relações entre corpo e natureza bem como suas implicações para a formação do campo acadêmico e profissional da Educação FÃsica. Buscamos refletir sobre as construções histórico-sociais sobre o corpo, especialmente as centradas nos aspectos biológicos. Entendemos que a relação corpo natureza é um importante ponto de compreensão das singularidade e continuidades sobre as concepções de corpo. Dessa maneira empreendemos uma análise qualitativa, histórica e sociológica centrada em autores que elucidam essas questões, como: Corbin, Courtine e Vigarello (2010), Gélis (2010), Suassuna et al. (2005), Vaz (1999), Csordas (2008) e Le Breton (2003). Com base nos elementos discutidos pelos autores, identificamos rupturas e continuidades em relação à concepções e práticas com o corpo, permanecendo uma apetência pela cisão entre corpo e espÃrito/mente.Referências
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