DO ANTROPOCENTRISMO AO ECOCENTRISMO: O PROJETO RIOS NA MUDANÇA DE ATITUDES AMBIENTAIS

Autores

  • Márcia Moreno Centro de Investigação em Estudos da Criança – Instituto da Educação, CIEC Braga, Portugal http://orcid.org/0000-0002-0268-3058
  • Paulo Mafra Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Bragança, ESE-IPB Bragança, Portugal http://orcid.org/0000-0001-8044-5955

DOI:

https://doi.org/10.14571/brajets.v13.n1.66-78

Resumo

Numa sociedade em que, relativamente à aproximação do Homem à natureza e aos valores ambientais, predomina o antropocentrismo face ao ecocentrismo, torna-se importante apostar em estratégias didáticas que conduzam à mudança de atitudes na direção duma visão ecocêntrica do mundo. O Projeto Rios, um projeto ibérico de participação pública em ação no nosso país há 12 anos, apresenta-se como uma metodologia eficaz na mudança de atitudes ambientais em crianças, nos primeiros anos de escolaridade. O estudo que aqui se apresenta teve como objetivo aferir a influência do Projeto Rios na mudança de visão Antropocêntrica para uma visão ecocêntrica em crianças do 1º Ciclo do Ensino Básico. Para isso, foi aplicado um questionário com questões abertas e fechadas a dois grupos do 4º ano de escolaridade da cidade de Bragança, nomeadamente a um grupo focal (121 alunos) e a um grupo controlo (33 alunos). O questionário foi aplicado ao grupo focal antes e depois de uma intervenção educativa (pré e pós-teste), nomeadamente duas saídas de campo no âmbito do Projeto Rios, e ao grupo controlo nos mesmos períodos temporais, sendo que estes alunos não realizaram as saídas ao rio. A questão relativa ao propósito desta comunicação consistiu na elaboração de um desenho que espelhasse a sua representação de um rio e das suas margens. Os desenhos resultantes foram analisados e categorizados, tendo sido posteriormente aferidas se ocorreram mudanças estatisticamente significativas, através do teste de Wilcoxon, entre o pré e o pós-teste, em ambos os grupos. Os resultados mostram que ocorreram mudanças no grupo focal. A maioria das crianças passaram de uma visão antropocêntrica para uma visão ecocêntrica após as saídas do Projeto Rios, evidenciando, assim, a eficácia deste Projeto na mudança de atitudes ambientais.

Referências

ACEBAL-EXPÓSITO, M.C. (2010). Consciencia Ambiental y Formación de Maestras y Maestros. (Tesis Doctoral). Málaga: Servicio de Publicaciones de la Universidad de Málaga.

ALEA, A. (2006). Diagnóstico y potenciación de la Educación Ambiental en jóvenes universitarios. Odiseo, Revista Electrónica de Pedagogía, 3(6).

ALMEIDA, A., VASCONCELOS, C., STRECHT-RIBEIRO, O., & TORRES, J. (2013). Non-anthropocentric Reasoning in Children: Its incidence when they are confronted with ecological dilemmas. International Journal of Science Education, 35(2), 312-334.

AJZEN, I. (2001). Nature and operation of attitudes. Annual Review of Psychology, 52(1), 58–64.

ÁLVAREZ-LIRES, M., SERRALLÉ, J. F., PÉREZ, U. R., & ÁLVAREZ LIRES, F. J. (2010). Educación científica, género y desarrollo sostenible. Revista de investigación en educación, nº. 8, 62-72.

ÁLVAREZ, P., & VEGA, P. (2009). Actitudes Ambientales y Conductas Sostenibles. Implicaciones para la Educación Ambiental. Revista de Psicodidáctica, 14(2), 245-260.

ÁLVAREZ, P., & VEGA, P. (2010). "Transversalidad" de la transversalidad. Análisis de una estrategia didática aplicada a la educación para la sostenibilidad. Revista Portuguesa de Educação. 23(2), 239-262.

ANDERSON, J. R., REDER, L. M., & SIMON H. A. (1996). Situated learning and education. Educational Researcher, 25(4), 5–11.

BALLANTYNE, R., & PACKER, J. (2009). Introducing a fifth pedagogy: experienceâ€based strategies for facilitating learning in natural environments. Environmental Education Research, 15(2), 243-262.

BARBOSA-LIMA, M. C., & CARVALHO, A. M. P. (2008). O desenho infantil como instrumento de avaliação da construção do conhecimento físico. Revista Electrónica de la Enseñanza de las Ciencias, 7(2), 337-347.

BARRAZA, L. (2006). Educar para conservar: Un ejemplo en la investigacion socio-ambiental. In A. BARAHONA & L. ALMEIDA-LEÑERO (Eds), Educación para la conservación (pp. 255-276). UNAM, Facultad de Ciencias.

BECK. U. (1994). Ecological Politics in an Age of Risk. Cambridge: Policy Press.

BELL, P., LEWENSTEIN, B. V., SHOUSE, A., & FEDER, M. (Eds.). (2009). Learning Science in Informal Environments: People, Places, and Pursuits. Washington, DC: National Academies Press.

BERRYMAN, T., & SAUVÉ, L. (2013). Languages and Discourses of Education, Environment, and Sustainable Development. In R. B. STEVENSON, M. BRODY, J. DILLON, & A. E. J. WALS (Ed.), International Handbook of Research on Environmental Education. New York: Routledge.

BIRIUKOVA, N. A. (2005). The formation of an ecological consciousness. Russian Education & Society, 47(12), 34–35.

BOGNER, F. X. (1999). Empirical evaluation of an educational conservation programme introduced in Swiss secondary schools. International Journal of Science Education, 21(11), 1169–85.

CASTONGUAY, G., & JUTRAS, S. (2009). Children’s appreciation of outdoor places in a poor neighborhood. Journal of Environmental Psychology, 29(1), 101-109.

COLLADO, S. S. (2010). La naturaleza cercana como moderadora del estrés infantil. In PUBILL & MUÑOZ (Coord.), Investigar para Avanzar en Educación Ambiental. Doctorado Interuniversitario de Educación Ambiental. MFC Artes Gráficas.

CUELLO, A. (2010). Los tramos fluviales urbanos como ámbitos de aprendizaje. Una valorización de su potencial educativo y los obstáculos que plantea su utilización. In M. JUNYENT & L. CANO (Coord.), Investigar para avanzar en Educación Ambiental. Naturaleza y parques nacionales. Organismo Autónomo Parques Nacionales. Ministério de Medio Ambiente y Medio Rural y Marino. Barcelona: MFC Artes Gráficas.

DAVIS, J. (coord.) (2010). Young children and the environment: early education for sustainability. New York: Cambridge University Press.

DIJKSTRA, E. M., & GOEDHART, M. J. (2012): Development and validation of the ACSI: measuring students’ science attitudes, pro-environmental behaviour, climate change attitudes and knowledge. Environmental Education Research, 18(6), 733-749.

EHRLÉN, K. (2009). Drawings as Representation of Children’s Conceptions. International Journal of Science Education, 31(1), 41-57.

ESCÁMEZ, J., & ORTEGA, P. (1986). La enseñanza de actitudes y valores. Valencia: Nau Libres.

FALK, J., & STORKSDIECK, M. (2005). Using the contextual model of learning to understand visitor learning from a science center exhibition. Science Education, 89(5), 744–78.

FANÄŒOVIÄŒOVÁ, J., & PROKOP, P. (2011): Plants have a chance: outdoor educational programmes alter students' knowledge and attitudes towards plants. Environmental Education Research, 17(4), 537-551.

FRANTZ, C., MAYER, F. S., NORTON, C., & ROCK, M. (2005). There is no ‘I’ in nature: The influence of self-awareness on connectedness to nature. Journal of Environmental Psychology, 25(4), 427–36.

FREIRE, H. (2011). Educar en verde. Ideas para acercar a niños y niñas a la naturaleza. Barcelona: Editorial GRAÓ.

GARCÍA-MIRA (2009). Sostenibilidad y cultura ambiental: aspetos psicosociales, educativos y de participación pública. In GARCÍA-MIRA & P. VEGA (Eds.), Sostenibilidad, valores y cultura ambiental (pp. 33-55). Ediciones Pirámide.

GRODZINSKA-JURCZAK, M., STEPSKA, A., NIESZPOREK, K., & BRYDA, G. (2006). Perception of environmental problems among pre-school children in Poland. International Research in Geographical and Environmental Education, 15(1), 62–76.

HERNÁNDEZ, R., FERNÁNDEZ-COLLADO, C., & BATISTA, P. (2006). Metodología de la Investigación. (4ª ed.). México: McGraw-Hill.

LEDERMAN, N., & LEDERMAN, J. (2013). Mixed Up About Mixed Methods. Journal of Science Teacher Education, 24, 1073-1076.

LIMA, M. L. (2009). Sostenibilidad y participación social. In GARCIA-MIRA & P. VEGA (Eds.), Sostenibilidad, valores y cultura ambiental (pp. 2019-224). Ediciones Pirámide.

LUNDMARK, C. (2007): The new ecological paradigm revisited: anchoring the NEP scale in environmental ethics. Environmental Education Research, 13(3), 329-347.

JACKSON, T. (2009). Prosperity without growth: Economics for a finite planet earthscan. London: Sterling.

JAGERS, S.C. (2009). In search of the ecological citizen. Environmental Politics, 18(1), 18-36.

JOHNSON, R. B., ONWUEGBUZIE, A.J., & TURNER, L.A. (2007). Toward a Definition of Mixed Methods Research. Journal of Mixed Methods Research, 1(2), 112-133.

KAPLAN, S. (1995). The restorative benefits of nature: Towards an integrative framework. Journal of Environmental Psychology, 15, 169-182.

KAHRIMAN-OZTURK, D., OLGAN, R., & TUNCER, G. (2012): A Qualitative Study on Turkish Preschool Children's Environmental Attitudes Through Ecocentrism and Anthropocentrism. International Journal of Science Education, 34(4), 629-650.

KNAPP, D., & BENTON, G. M. (2006). Episodic and semantic memories of a residential environmental education program. Environmental Education Research, 12(2), 165–77.

KNOBLOCH, N. A., BALL, A. L., & ALLEN, C. (2007). The benefits of teaching and learning about agriculture in elementary and junior high schools. Journal of Agricultural Education, 48(3), 25–36.

LATOUCHE, S. (2012). La sociedad de la abundancia frugal. Barcelona: Icaria.

LIEFLÄNDER, A., FRÖHLICH, G., BOGNER, F., & SCHULTZ, P. W. (2012). Promoting connectedness with nature through environmental education. Environmental Education Research, 19(3), 370-384. doi:10.1080/13504622.2012.697545.

LOUV, R. (2005). Last child in the woods: Saving our children from nature-deficit disorder. Chapel Hill, NC: Algonquin Books of Chapel Hill.

LOWENFELD, V., & BRITTAIN, W. (1977). Desenvolvimento da Capacidade Criadora. São Paulo: Ed. Mestre Jou.

LUQUET, G. (1987). O Desenho Infantil. (4ªed.). Barcelos: Editora do Minho.

MACKINNON, B. (2007). Ethics and contemporary issues. (5th edn.). Belmonte, California: Thomson/Wadsworth.

MAFRA, P. (2012). Os Microrganismos no 1.º e 2.º Ciclos do Ensino Básico: Abordagem Curricular, Conceções Alternativas e Propostas de Atividades Experimentais. (Tese de Doutoramento). Braga: Universidade do Minho.

MAFRA, P., & MORENO, M. (2016). O Projeto Rios como ferramenta na Educação Ambiental: monitorização do rio Fervença: Bragança. EduSer: Revista de Educação, 8(1), p. 1-12.

MILLER, M.D., & LEVINE, T.R. (1996). Persuasion. In M.B. SALWEN & D.W. STACKES (Eds.), An integrated approach to communication theory and research (pp. 600-635). Mahwah, NJ: Lawrence, Erlbaum Associates, Inc.

MONTMOLLIN, G. (1991). El cambio de actitud. In S. Moscovici, Psicología social, influencias y cambio de actitudes individuos y grupos. Barcelona: Paidó.

MOORE, R. C. (1986). Childhood’s domain. London: Croom Helm.

MORALES, P. (1990). Medición de actitudes en psicología y educación. San Sebastián: Ttarttalo, S.A.

MORENO, M. (2014). Competências para atuar sustentavelmente a favor do meio ambiente. Um estudo sobre os conhecimentos, as atitudes e os comportamentos face a um ambiente sustentável com alunos portugueses do 1.º ciclo do ensino básico. (Tese de Doutoramento). Departamento de Pedagogia e Didática. Universidade da Corunha, Corunha.

MORENO, M., MAFRA, P., & VEGA, P. (2014). Estudio de una intervención educativa para la sostenibilidad. La adquisición de conocimientos, de actitudes y de comportamientos pro-ambientales. In Atas del Séptimo Congreso Mundial de Educación Ambiental, 9-14 de junio 2013, Marrakech-Marruecos.

MORGADO, F., PINHO, R., & LEÃO, F. (2000). Para um ensino interdisciplinar e experimental da Educação Ambiental. Porto: Plátano Edições Técnicas. Coleção Ambiente.

NISBET, E. K., ZELENSKI, J. M., & MURPHY, S.A. (2009). The nature relatedness scale: Linking individuals’ connection with nature to environmental concern and behavior. Environment and Behavior, 41(5), 715–40.

NOVO, M. (2009). El desarrollo sostenible: Su dimensión ambiental y educativa. Madrid: Editorial Universitas, S.A.

OTERO, M. D. (2006). Aproximaciones psicosociales a la educación ambiental. (Dissertação de Doutoramento). Universidade da Corunha. Grupo de Investigação Pessoa-Ambiente. Corunha: Servicio de Publicaciones.

OSKAMP, S., & SCHULTZ, P. W. (2005). Attitudes and opinions. Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum Associates.

POOLEY, J., & O’CONNOR, M. (2000). Environmental education and attitudes: Emotions and beliefs area what is needed. Environment and Behavior, 32, 711–724.

PROKOP, P., TUNCER, G., & KVASNIÄŒÁK, R. (2007). Short-term effects of field programme on students’ knowledge and attitude toward biology: A Slovak experience. Journal of Science Education and Technology, 16(3), 247–55.

PUBILL, M., & MUÑOZ, L. (2010). Investigar para avanzar en Educación Ambiental. (Doctorado Interuniversitario de Educación Ambiental). Organismo Autónomo Parques Nacionales. Ministerio de Medio Ambiente y Medio Rural y Marino. MFC Artes Gráficas.

ROGERS, W. S. (2003). Social psychology: Experimental and critical approaches. Berkshire, UK: McGraw-Hill Education.

SANDELL. K., & ÖHMAN, J. (2010): Educational potentials of encounters with nature: reflections from a Swedish outdoor perspective. Environmental Education Research, 16(1), 113-132.

SARABIA, B. (1992). El aprendizaje de la enseñanza de las actitudes. In C. COLL, J. I. POZO, B. SARABIA & E. VALLS, Los contenidos de la Reforma. Enseñanza y aprendizaje de conceptos, procedimientos y actitudes. Madrid: Santillana.

SAUVÉ, L. (2010). Educación científica y educación ambiental: un cruce fecundo. Enseñanza de las Ciencias, 28(1), 5-18.

SEBBA, R. (1991). The landscapes of childhood: The reflections of childhood’s environment in adult memories and in children’s attitudes. Environment & Behavior, 23, 395-422.

SELLMANN, D. (2014). Environmental education on climate change in a botanical garden: adolescents’ knowledge, attitudes and conceptions. Environmental Education Research, 20(2), 286-287.

SMITH-SEBASTO, N. J., & SEMRAU H.J. (2004). Evaluation of the environmental education program at the New Jersey school of conservation. The Journal of Environmental Education, 36(1), 3–18.

SYLLA, C., COQUET, E., BRANCO, P., & COUTINHO, C. P. (2009). Storytelling through Drawings: Evaluating Tangible Interfaces for Children. Annual CHI conference on human factors in computing systems, 27, Boston, USA, 2009 – “Proceedings of the 27th Annual CHI Conference on Human Factors in Computing Systems.†[S.l.: ACM, 2009]. 3461-3466.

SOBEL, D. (1996). Beyond ecophobia. Great Barrington, MA, Orion Society.

STERN, M. J., POWELL, R. B., & ARDOIN, N.M. (2008). What difference does it make? Assessing outcomes from participation in a residential environmental education program. Journal of Environmental Education, 39(4), 31–43.

STEVENSON, R., BRODY, M., Dillon, J. & ARJEN, E. (eds.) (2013). International Handbook of Research on Environmental Education. New York: Routledge.

VEGA, P. (2009a). Ensino superior orientado para a sustentabilidade e a interculturalidade: do conhecimento à ação. Atas XII Congresso da Associação Internacional para a Pesquisa Intercultural (ARIC) – Diálogos Interculturais: descolonizar o saber e o poder, 29 de junho a 3 de julho. Florianópolis -Brasil.

VEGA, P. (2009b). La educación ambiental en la formación inicial del profesorado. Análisis de un modelo didático para el desarrollo de la competencia para la acción a favor del medio. A Coruña: Universidade da Coruña. Servicios de publicaciones.

VYGOSTKY, L. S. (1997). La imaginación y el arte en la infancia. México: Fontamara.

VIZCAÍNO, M. (2006). Una experiencia de Educación Ambiental en el nivel medio basico. In A. BARAHONA & L. ALMEIDA-LEÑERO (Coord.). Educación para la conservación. México: Ed. Las prensas de ciencias.

WELLS, N.M. (2000). At home with nature: The effects of nearby nature on children’s cognitive functioning. Environment and behavior, 32, 775-795.

Publicado

2020-04-12

Edição

Secção

Article