Comunicação e Educação em Ciências Através de Banda Desenhada
Contributos de Stakeholders Portugueses em um Grupo Focal
Palavras-chave:
Educação em Ciências, Comunicação de Ciência, Banda Desenhada, Grupos FocaisResumo
Neste artigo indaga-se de que forma a banda desenhada pode contribuir para a comunicação e educação de conceitos científicos, de modo a desenvolver a literacia científica de crianças dos primeiros anos de escolaridade. Assumindo uma metodologia de Investigação & Desenvolvimento (I&D), procurou-se, na fase exploratória do projeto, recolher as perceções de stakeholders portugueses envolvidos em iniciativas de comunicação e educação em ciências com crianças do 1.º Ciclo do Ensino Básico (entre os 6 e os 10 anos de idade). Foram realizadas duas sessões de grupo focal com um total de 12 participantes e com os seguintes objetivos: identificar os principais desafios relacionados com a comunicação e aprendizagem de conceitos científicos envolvendo crianças; determinar que estratégias didáticas são utilizadas pelos profissionais da comunicação e educação em ciências, tendo em conta os contextos de educação formal, não-formal e informal; identificar as potencialidades, constrangimentos e critérios no desenvolvimento de bandas desenhadas para comunicação e aprendizagem de conceitos científicos. A entrevista foi gravada – com a autorização dos participantes – e a sua transcrição foi submetida à análise de conteúdo. Os resultados mostram que o principal desafio está relacionado com a dificuldade das crianças em compreenderem conceitos científicos abstratos, sendo necessárias estratégias e recursos didáticos que ajudem a relacionar estes conceitos com situações próximas do seu contexto social, de modo a que elas possam compreender a ciência e tomar decisões cientificamente fundamentadas. Neste contexto, a banda desenhada apresenta-se como um recurso de elevado potencial educativo, pois combina diferentes estratégias, tais como o uso de histórias com personagens e contextos significativos para as crianças e a utilização de uma linguagem simples que articula textos e imagens, para além do emprego de metáforas científicas. Os grupos focais permitiram a construção de conhecimento colaborativo sobre este tema para orientar as fases seguintes da I&D em curso.Referências
ffeldt, F., Meinhart, D., & Eilks, I. (2018). The use of comics in experimental instructions in a non-formal chemistry learning context. International Journal of Education in Mathematics, Science and Technology, 6(1), 93–104. https://doi.org/10.18404/ijemst.380620
Baram-Tsabari, A., & Osborne, J. (2015). Bridging science education and science communication research. Journal of Research in Science Teaching, 52(2), 135–144. https://doi.org/10.1002/tea.21202
Bardin, L. (2002). Análise de Conteúdo. Edições 70.
Brown, T., & Katz, B. (2011). Change by design. Journal of Product Innovation Management, 28(3), 381–383. https://doi.org/10.1111/j.1540-5885.2011.00806.x
Bryman, A. (2012). Social Reserch Methods (4th ed.). Oxford University Press Inc.
Chung, B. S., Park, E., Kim, S.-H., Cho, S., & Chung, M. S. (2016). Comic Strips to Accompany Science Museum Exhibits. Journal of Education and Learning, 5(4), 141. https://doi.org/10.5539/jel.v5n4p141
Ciência Viva. (2024). Rede de Centros de Ciência Viva. https://www.cienciaviva.pt/centroscv/rede/
Creswell, J. W. (2012). Educational Research (4th ed.). Pearson.
Dam, R. F. (2024). The 5 Stages in the Design Thinking Process. Interaction Design Foundation - IxDF. https://www.interaction-design.org/literature/article/5-stages-in-the-design-thinking-process
Eisner, W. (2005). Narrativas Gráficas. Devir.
Farinella, M. (2018). The potential of comics in science communication. Journal of Science Communication, 17(1). https://doi.org/10.22323/2.17010401
Feinstein, N. (2011). Salvaging science literacy. Science Education, 95(1), 168–185. https://doi.org/10.1002/sce.20414
Granado, A., & Malheiros, J. (2015). Cultura científica em Portugal: Ferramentas para perceber o mundo e aprender a mudá-lo. Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Hosler, J., & Boomer, K. B. (2011). Are comic books an effective way to engage nonmajors in learning and appreciating science? CBE Life Sciences Education, 10(3), 309–317. https://doi.org/10.1187/cbe.10-07-0090
Julien, H. (2008). Content Analysis. In The SAGE Encyclopedia of Qualitative Research Methods (pp. 120–121).
Kearns, C., & Kearns, N. (2020). The role of comics in public health communication during the COVID-19 pandemic. Journal of Visual Communication in Medicine, 1–11. https://doi.org/10.1080/17453054.2020.1761248
Kohen, Z., & Dori, Y. J. (2019). Toward narrowing the gap between science communication and science education disciplines. Review of Education, 7(3), 525–566. https://doi.org/10.1002/rev3.3136
Kuttner, P. J., Weaver-Hightower, M. B., & Sousanis, N. (2021). Comics-based research: The affordances of comics for research across disciplines. Qualitative Research, 21(2), 195–214. https://doi.org/10.1177/1468794120918845
Lestari, R., Haryono, T., & Erman, E. (2021). Using Comic-Based Socio-Scientific Issues in inquiry learning to increase interest and achievement in science learning. Thabiea : Journal of Natural Science Teaching, 4(1), 62–81. http://journal.iainkudus.ac.id/index.php/Thabiea
Lewenstein, B. V. (2015). Identifying what matters: Science education, science communication, and democracy. Journal of Research in Science Teaching, 52(2), 253–262. https://doi.org/10.1002/tea.21201
Lin, S. F., & Lin, H. S. (2016). Learning nanotechnology with texts and comics: the impacts on students of different achievement levels. International Journal of Science Education, 38(8), 1373–1391. https://doi.org/10.1080/09500693.2016.1191089
McKinnon, M., & Vos, J. (2015). Engagement as a Threshold Concept for Science Education and Science Communication. International Journal of Science Education, Part B: Communication and Public Engagement, 5(4), 297–318. https://doi.org/10.1080/21548455.2014.986770
Medvecky, F., & Leach, J. (2017). The ethics of science communication. Journal of Science Communication, 16(4), 1–5. https://doi.org/10.22323/2.16040501
Morgan, D. L. (1996). Focus Groups. Annual Review of Sociology, 22, 129–152. http://www.jstor.org/stable/2083427
Mota, M., Sá, C. M., & Guerra, C. (2021a). A banda desenhada na comunicação e educação em ciência: uma revisão sistemática da literatura. Revista Lusofona de Educacao, 51(51), 99–119. https://doi.org/10.24140/issn.1645-7250.rle51.07
Mota, M., Sá, C. M., & Guerra, C. (2021b). Systematic Literature Review Using Excel Software: A Case of the Visual Narratives in Education. In A. P. Costa, L. P. Reis, A. Moreira, L. Longo, & G. Bryda (Eds.), Computer Supported Qualitative Research (pp. 325–340). Springer International Publishing.
Pereira, F. H., & de Oliveira, R. S. (2024). Journalists and scientists together: the public problem of science disinformation in Brazil. Journal of Science Communication, 23(3). https://doi.org/10.22323/2.23030204
Riverdale, & IDEO. (2012). Design Thinking for Educators (2nd ed.).
Rodrigues, A. V. (2016). Perspetiva Integrada de Educação em Ciências: Da teoria à prática (1a). UA Editora.
Rota, G., & Izquierdo, J. (2003). “Comics” as a tool for teaching biotechnology in primary schools. Electronic Journal of Biotechnology, 6(2), 8–12. https://doi.org/10.2225/vol6-issue2-fulltext-10
Sá, C. M. (2016). Banda desenhada e desenvolvimento de competências em leitura e escrita. Exedra, Número Temático – Entre a Investigação e as Práticas em Didática do Português: Alguns Diálogos, 37–86.
Sá, C. M. (2017). Desenvolver competências em língua materna a ensinar ciências. Comunicações, 24(1), 11–21. https://doi.org/10.15600/2238-121x/comunicacoes.v24n1p11-21
Sá, P., Guerra, C., Costa, A., Maria, J., Loureiro, M. J., & Vieira, R. (2013). Courseware SeRe®- um recurso digital para a Educação para o Desenvolvimento Sustentável. Da conceção do recurso à formação de professores. Indagatio Didactica, 5, 96–120.
Sones, W. W. D. (1944). The Comics and Instructional Method. Journal of Educational Sociology, 18(4), 232–240. https://doi.org/10.2307/2262696
Tatalovic, M. (2009). Science comics as tools for science education and communication: a brief, exploratory study. Journal of Science Communication, 8(4), 1–17. http://jcom.sissa.it/
Thomas, R. M. (1995). Comparing theories of child development (4th ed.). Thomson Publishing Inc.
Valladares, L. (2021). Scientific Literacy and Social Transformation: Critical Perspectives About Science Participation and Emancipation. Science and Education, 30(3), 557–587. https://doi.org/10.1007/s11191-021-00205-2
Wayne, C. R., Kaller, M. D., Wischusen, W. E., & Maruska, K. P. (2024). “Fin-tastic Fish Science”: Using a comic book to disseminate and enhance science literacy. Natural Sciences Education, 53(1), 1–10. https://doi.org/10.1002/nse2.20135
Wu, L. Y., Wu, S. P., & Chang, C.-Y. (2019). Merging science education into communication: Developing and validating a scale for Science Edu-Communication utilizing awareness, enjoyment, interest, opinion formation, and understanding dimensions (SEC-AEIOU). Sustainability (Switzerland), 11(17), 1–17. https://doi.org/10.3390/su11174551
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Marina Mota, Cristina Manuela Sá, Cecília Guerra
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License. A revista segue a política para Periódicos de Acesso Livre, oferecendo acesso livre, imediato e gratuito ao seu conteúdo, seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico ao público proporciona mais democratização internacional do conhecimento. Por isso, não se aplica taxas, sejam elas para submissão, avaliação, publicação, visualização ou downloads dos artigos. Além disso, a revista segue a licença Creative Common (CC BY) permitindo qualquer divulgação do artigo, desde que sejam referenciados o artigo original. Neste sentido, os autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos: A) Os autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License (CC BY), permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista. B) Autores têm autorização para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional e não institucional, bem como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista. C) Autores sãoo estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: repositórios online ou na sua página pessoal), bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.