ENTRE LINHAS, MEMÓRIAS E DELICADEZAS: PROPOSIÇÕES EDUCATIVAS E PERFORMATIVAS PARA PENSAR A EDUCAÇÃO E A ARTE

Autores

  • Ivete Souza da Silva Universidade Federal de Roraima, UFRR

DOI:

https://doi.org/10.14571/brajets.v13.n1.10-22

Resumo

O artigo a seguir é um recorte de minha pesquisa de Estágio Pós-Doutoral que está sendo realizada no campo da Educação. A mesma objetiva criar proposições educativas/performativas que abordem as questões interculturais a partir de narrativas, já produzidas, dos povos das cidades brasileiras de Boa Vista-RR e Florianópolis-SC. Seu delineamento metodológico tem como principal base teórica as ideias de Hélio Oiticica e está em acordo com o conceito de “ambientação†contida em seu Programa Ambiental, onde o mesmo “propõe uma manifestação total, íntegra do artista nas suas criações, que poderiam ser proposições para a participação do espectador†(Oiticica, 2011, p. 81). Sua construção se dará por meio das linhas e dos bordados a partir de fragmentos de textos, músicas e/ou trabalhos visuais que contenham elementos culturais constituidores das identidades dos povos dos estados de Roraima e Santa Catarina e, em especial de suas capitais estabelecendo diálogos interculturais entre Norte e Sul do Brasil. As criações estão sendo pensadas a partir de uma estética da delicadeza, como propõe Denilson Lopes (2007, pp. 29-30) “híbrida, intertextual, transemiótica, multimidiática, centrada em categorias e conceitos transversaisâ€. As linhas, os tecidos, as agulhas, os teares e bilros são bons elementos para tratar de delicadeza. Arrisco a dizer que nada melhor do que elas para contarem os saberes produzidos nas narrativas de lá de cá costurando-as e hibridizando-as delicadamente. Elas próprias podem ser as narrativas já que guardam em si saberes culturais. O ato de bordar, assim como a delicadeza, é “um gesto menor†que nos faz experimentar a lentidão, o cuidado, a paciência e também nos dá liberdade para brincar com as memórias, os afetos, estabelecer conceitos, categorias. Bordar é um convite constante à simplicidade, a valorização ou o olhar para as pequenas coisas, da mesma forma nos provoca ao difícil exercício de aparar arestas, evitar excessos ou...olhar para as arestas e os excessos a partir de uma outra perspectiva, já que muitas vezes o lado mais bonito do bordado fica no seu avesso. Os encontros e confrontos culturais/étnicos/conceituais estão longe de estarem temporalmente distantes de nós. Ao contrário. Estamos imersos nesse tempo e, para atravessarmos será necessário nos reinventarmos e conseguir enxergar a “leveza presente mesmo em meio ao maior descontrole. Em meio ao delírio, do mundo, caminhar como à beira de um lago plácido†(Lopes, 2007, p. 77). Diversos são “os povos dos Brasis†e suas identidades e processos inter-culturais. Conhecer e entender esses processos se faz de grande importância para pensarmos uma educação atenta aos saberes e fazeres de seus povos.

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Publicado

2020-04-12

Edição

Seção

Artigo