EDUCAÇÃO SEXUAL E ATUAÇÃO DOCENTE NA ESCOLA INCLUSIVA: COMPROMISSOS SOCIAIS DO ENSINO DE CIÊNCIAS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14571/brajets.v12.n3.245-257

Resumo

O Ensino de Ciências deve assumir o seu compromisso social para com a Educação Sexual e a Inclusão, por ser responsável pela elaboração de contextos pedagógicos que viabilizam a construção de conceitos científicos relacionados ao corpo e à sexualidade. Para tanto, o Ensino de Ciências deve posicionar a sexualidade humana como um fenômeno complexo, cujo ensino deve considerar fenômenos biológicos, psicológicos e sociais, contemplando a diversidade como inerente aos grupos humanos. Nesse trabalho, buscamos investigar a percepção de professores de Ciências quanto à Educação Sexual e aos entendimentos à respeito da sexualidade dos estudantes com necessidades específicas, em escolas inclusivas do Distrito Federal. A relevância desta pesquisa se ancora em três aspectos: primeiro, a invisibilidade da discussão teórica e metodológica que articule sexualidade e deficiência; segundo a repercussão dessa invisibilidade no não fazer docente e; terceiro, nas possibilidades de formação inicial e continuada de professores de Ciências no que se refere à temática. Tratou-se de uma investigação qualitativa cujas informações foram geradas por meio de entrevistas semiestruturadas realizadas com oito professores e analisados com o apoio do software WQDA. As percepções dos professores acerca da sexualidade de pessoas com deficiências, delineadas nessa pesquisa, evidenciaram, por um lado, avanços no reconhecimento de que as pessoas com deficiência são sujeitos de desejo; mas, também, estagnação, quando ainda há professores que não conseguiram reconhecer a sexualidade delas e nem como atuar em sala de aula de maneira a abordar diferentes formas de ser e de conviver, considerando a sexualidade. As análises apresentadas desvelam a importância de planejar propostas de formação inicial e continuada para professores de Ciências, com vistas a atender os compromissos sociais do Ensino de Ciências para com a educação inclusiva e em sexualidade, o que implica na defesa e na promoção do direito essencial da pessoa ao desenvolvimento humano em sua totalidade, incluindo a sexualidade e seu ensino, numa perspectiva plural e biopsicossocial.

Referências

Branco, A. U.; Rocha, R. F. da. (1998). A questão da metodologia na investigação científica do desenvolvimento humano. Psicologia: teoria e pesquisa, 14(3), 251-258.

Caixeta, J.E., Costa, B.C.A. da, Lima, L.M. de, Silva, R. do C., Alves, E.B. dos S., Gomes, E.L., Silva, R.L.J. da, Sousa, M. do A. de, & Santos, P.F. (2018). O que eu sou capaz de fazer por alguém que eu não conheço? Uma pesquisa sobre experiências em atuação solidária. Atas. Congresso Iberoamericano de Investigação Qualitativa. Investigação Qualitativa em Educação, v.1, p. 278-287. Acessado em 30.01.2019.

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. (1998). Brasília. Recuperado em 10 abril 2007.

Costa, A. P., & Amado, J. Análise de conteúdo suportada por software. Portugal: Ludomedia, 2018.

Fernandes, I. (2004). A questão da diversidade da condição humana na sociedade. ADPPUCRS, Porto Alegre, 5, 77-86, dezembro.

Foucault, M. (2012). História da Sexualidade I: A vontade de saber. São Paulo: Graal.

Freud, S. FREUD, S. (1905). Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. Paris, Gallimard.

Furlani, J. (2011). Educação Sexual na Sala de Aula: relações de gênero, oreintação sexual e igualdade etnico-racial numa proposta de respeito as diferenças. Belo Horizonte: Autêntica.

Figueiró, M. N. D. (2006). Educação Sexual: como ensinar no espaço da escola. Revista Linhas, 7(1), 1-21.

Glat, R. (1992). A Sexualidade da Pessoa com Deficiência Mental. Revista Brasileira de Educação Especial, 1, 65–74.

Kupfer, M. C. (1989). Freud e a educação. O mestre do impossível. São Paulo: Scipione.

Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (1996). Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília. 1996.

Lei n° 13.146, de 6 de Julho de 2015 (2015). Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Brasília: Casa Civil.

Maciel, D. A., & Raposo, M. B. T. (2015). Metodologia e construção do conhecimento: contribuições para o estudo da inclusão. Em: Maciel, D. A., & Barbato, S. (orgs.). Desenvolvimento Humano, Educação e Inclusão Escolar (p. 77-106). Brasília: EdUnB.

Madureira, A. F. A., & Branco, A. M. C. U. A. (2007). Identidades sexuais não-homogêneas: processo identitário e estratégias para lidar com o preconceito. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 23(1), 81-90.

Maia, A. C. B. (2011). Inclusão e sexualidade na voz de pessoas com deficiência física. Curitiba: Juruá.

Maia, A. C. B., & Aranha, M. S. F. (2005). Relatos de professores sobre manifestações sexuais de alunos com deficiência no contexto escolar. Interação em Psicologia, 9(1), p. 1–13.

Marinho-Araújo, C. (2014). Concepções psicológicas sobre o desenvolvimento humano e o processo ensino-aprendizagem. Em Bisinoto, C. (Org.). (2014). Docência na Socioeduação (pp. 50-53). Brasília: Universidade de Brasília.

Marinho-Araújo, C. M., & Almeida, L. S. (2016). Abordagem de competências, desenvolvimento humano e educação superior. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, 32(n.esp.),1-10.

Ministério da Educação. (1997a). Parâmetros Curriculares Nacionais: ciências naturais: terceiro e quarto ciclos. Brasília: MEC/SEF.

Ministério da Educação. (1997b). Parâmetros Curriculares Nacionais: pluralidade cultural, orientação sexual. Brasília, DF: MEC/SEF.

Ministério da Educação. (2018). Base Nacional Comum Curricular. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, DF.

Ministério da Saúde (2009). Direitos Sexuais e Reprodutivos na Integralidade da Atenção à Saúde de Pessoas com Deficiência. Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: MS.

Mól, G. de S. (2017). Pesquisa qualitativa em ensino de química. Revista Pesquisa Qualitativa, 5(9), 495-513.

Orlandi, R., & Garcia, R. A. G. (2017). Educação sexual e deficiência intelectual: desafios educacionais na efetivação dos direitos sexuais. 10 Encontro Internacional de Formação de Professores. Anais. Aracaju: ENFOPE.

Pena, A.L. (2015). Narrativas autobiográficas e formação de educadores sexuais. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências. Universidade de Brasília, Brasília.

Pena, A.L., Mól, G.S., & Caixeta, J.E. (2018, julho). Percepções de Professores de Ciências quanto a Educação para a Sexualidade na Escola Inclusiva. Anais do Congresso Iberoamericano de Investigação, Investigação Qualitativa em Educação, v.1. Fortaleza, Brasil.

Ribeiro, J. C. C. (2002). Deficiência mental leve: um estudo sobre as concepções da deficiência frente a perspectiva inclusive. Dissertação de Mestrado, Universidade de Brasília, Brasília.

Silva, C. C. (2017). Religião, família, formação e profissão: a amálgama no processo de significação das concepções de gênero em professores. Dissertação de Mestrado, Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde, Universidade de Brasília, Brasília.

Sousa, M. do A.; Caixeta, J.E.; Santos, P.F. (2016). A metodologia qualitativa na promoção de contextos educacionais potencializadores de inclusão. Indagatio Didactica, 8 (3), 94- 108.

UNESCO. (1994). Declaração de Salamanca e Enquadramento da Ação na Área das Necessidades Educativas Especiais. Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade. Salamanca.

Vasconcelos, M.C.C. dos. Corpo e ensino de ciências: favorencendo (auto)percepção do corpo e contribuindo para aprendizagens engajadas. Trabalho de Conclusão de Curso, Faculdade UnB Planaltina, Planaltina, 2019.

Vigostsky, L. S. (1989). A formação social da mente. São Paulo: Martins Pena.

Vigostsky, L. S. (1995). Tratado de Defectologia. Obras Completas. Havana: Pueblo y Educación, v. 5.

Vigotski, L. S. (2011). A defectologia e o estudo do desenvolvimento e da educação da criança anormal. Educação e Pesquisa, 37(4), 863-869. https://dx.doi.org/10.1590/S1517-97022011000400012.

Werneck, C. (2003). Você é gente? O direito de nunca ser questionado sobre o seu valor humano. Rio de Janeiro: WVA.

Yin, R. K. (2016). Pesquisa qualitativa do início ao fim. Penso Editora.

Downloads

Publicado

2019-10-22

Edição

Seção

Pesquisa Qualitativa em Educação, Tecnologia e Sociedade