GRUPO FOCAL: INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS NA PESQUISA EM EDUCAÇÃO
DOI:
https://doi.org/10.14571/cets.v10.n1.52-62Resumo
O estudo aqui apresentado apresenta resultados de uma pesquisa realizada no Mestrado em Educação da Universidade de Pernambuco que teve como objetivo principal, identificar formas de vivência da interdisciplinaridade nas práticas pedagógicas dos anos iniciais do Ensino Fundamental. O recorte que ora se apresenta evidencia o Grupo Focal (GF) como técnica de coleta de dados na pesquisa em educação. O estudo ancorou-se nas ideias de Crusoé (2014); Flick (2002); Gatti (2005); Kitzinger (2000); Lenoir (2008); Moreira (2002); Morgan (1997); Pombo (2005) Silva (2009); Thiollet (2011); Veiga & Gondim, (2001), entre outros. Esta investigação orientou-se pela abordagem qualitativa de pesquisa e utilizou como principal instrumento para a coleta de dados a técnica de grupo focal que para sua execução contou com a participação do moderador, do observador, de quatro professoras dos anos iniciais do Ensino Fundamental, duas supervisoras de ensino e uma técnica da Secretaria Municipal de Educação da cidade de Nazaré da Mata, Zona da Mata Norte do estado de Pernambuco-Brasil. Os dados foram analisados através da técnica de análise de conteúdo, Bardin (2011), numa perspectiva analÃtico-descritiva. Teve como categorias de análise a reflexividade e a parceria, que são categorias mestras do pensamento interdisciplinar. (SILVA, 2009). Os resultados desta pesquisa permitiram concluir que a técnica do Grupo Focal neste estudo, propiciou momentos de profunda reflexão acerca da interdisciplinaridade e permitiu que as professoras investigadas compreendessem que as formas com as quais vivenciam a interdisciplinaridade, situam-se no primeiro nÃvel da relação entre os saberes, o multidisciplinar, estando esta construção atrelada a aspectos intersubjetivos e formativos, apesar de ter sido identificadas no percurso das discussões das sessões com o grupo, a presença de duas categorias epistêmicas do pensamento interdisciplinar, a reflexividade e da parceria. Conclui-se ainda que se faz necessário uma mudança de atitude dessas professoras que deverá ser estimulada por meio das formações continuada que deverão estar atreladas à elaboração de polÃticas de formação pela Secretaria de Educação Municipal que possibilitem uma reflexão crÃtica sobre o “quefazer†pedagógico, na direção de uma permanente autocrÃtica que favoreça um fazer docente baseado também na dimensão social da interdisciplinaridade.Referências
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